A arte na intervenção com crianças e jovens com medida de acolhimento residencial: D’AR-TE

As casas de acolhimento residencial (CAR) confrontam-se com muitas limitações, logo urge a diferenciação, inovando através da arte.

No âmbito de um projeto piloto, D’AR-TE, de 2020 a 2022, pretende-se, através da dinamização de atividades artísticas dirigidas a 24 crianças e jovens em perigo com medida de acolhimento residencial, promover competências pessoais, de socialização interpessoal e de estímulo das relações e diminuir em 25% os comportamentos de agressão.

O objetivo é haver uma continuidade integrativa na oficina de artes, teatro/curta-metragem, música e expressão corporal/dança. Primeiro representam, depois sentem e constroem a música e a letra e por fim, interpretam-na utilizando o corpo, através da dança. A oficina de artes iniciou com o teatro/curta-metragem duas vezes por semana. Tem como objetivos fomentar estratégias de comunicação assertivas, o trabalho de grupo/cooperativismo, promover a autoconfiança, o autoconceito, a autoestima e estimular a criatividade. Diversas têm sido as dinâmicas implementadas centradas nas motivações das crianças e jovens. Todas as sessões iniciam-se com um energizer e terminam com uma reflexão crítica e um exercício de relaxamento. As crianças encenaram e apresentaram uma peça de teatro designada “Teatro musical, o Girassol” e atualmente encontram-se a preparar a representação ‘O monstro das cores’, centrando-se a dinâmica na descoberta, identificação e nomeação das emoções. Os jovens declamaram poemas escolhidos pelos próprios de autores clássicos portugueses. Escreveram sketchs do quotidiano da CAR onde se encontram a residir, promoveram as filmagens e procederam à sua montagem. Efetuaram a produção escrita da peça de teatro “Pedro e Inês” a partir de contação de estória e atualmente encontram-se a preparar a representação, a desenhar e a conceber trajes e cenários.

A avaliação é desenvolvida em dois níveis. A nível intra-sujeito, no início e no fim do projeto, centrada em três domínios: comportamental (ocorrência de comportamentos agressivos na CAR e na escola); fisiológico (níveis de cortisol) e cognitivo e emocional (competências individuais, relacionais e académicas; perceção de agressão, de suporte social; de auto-conceito, de auto-estima, de práticas parentais; avaliação neuropsicológica). O segundo nível é inter-grupos, onde serão comparadas as quatro CAR (duas que integram o D’AR-TE e outras duas que se constituem como grupo de controlo).

Como resultados, de março a dezembro de 2020, ocorreram 181 situações de agressão, sendo que 64,5% foram de agressão psicológica/verbal (n= 98), 43,4% situações de agressão física (n= 66) e 11,2% situações de agressão contra objetos e/ou equipamentos (n= 17). Efetuando uma análise comparativa entre o primeiro mês do projeto (Março de 2020) e o último mês do ano civil (Dezembro de 2020), foi possível verificar um decréscimo de 55% de comportamentos de agressão.

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